Ao lado da janela, os primeiros acordes me remetem ao passado. A volta não requer bilhete, apenas permissão. Fecho os olhos. O refrão me leva adiante. Permaneço calado durante a viagem. Minutos depois, o encontro acontece. A respiração quebra o silêncio. O compasso se funde com as minhas batidas. Olhares se misturam. Cumplicidade. As marcas da vida traduzem a nossa ausência. O tempo é curto, não posso desperdiçá-lo. Tento correr, mas não dá para evitar. O rosto despede-se juntamente com as notas. A canção vai terminar. Tento fugir. O desespero surge. O som estridente da campainha avisa que a realidade está presente. Abro os olhos. Chegou a minha vez. O condutor, sem saber, edita mais uma vez a minha história. “Estação Paraíso”. Desligo o som. É hora de descer...