sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A nossa canção...



Parece que foi ontem....o cd...a foto...o beijo e a própria Rita no camarim...lembra? A música que marcou o nosso inicio e a responsável pela interpretação, todos juntos, em um momento único. Tem certas coisas que o tempo não apaga. Carregamos no coração para sempre...Aliás, ainda tenho o desenho com a mesma frase: Para sempre...

Será que......

Valeu!!!

domingo, 11 de outubro de 2009

O iluminado


Terça-feira. O dia parecia não ter fim. Relatórios, filmagens, debates, aulas de rádio e telejornalismo. No serviço, elaboração de textos e tarefas diárias a serem cumpridas. Correria para ajustar todos os pontos e um detalhe: Tenho que fazer o show ainda na madrugada.


Saio do estúdio e corro para a avenida. Preciso esperar a minha carona . A mente não cessa. Já penso no dia de amanhã. Agora são 22h50m e chove muito. O frio aumenta e o vento corta até os pensamentos. Não consigo me localizar. As idéias bombardeiam a minha cabeça. A semana mal começou e já estou atarefado.


Nos baixos viadutos da Bresser, um carro para do outro lado. Aparentemente, um senhor de 60 anos, 1,60 m de altura, jaqueta azul e cabelos grisalhos. Desce lentamente. Ao meu redor, moradores de rua. Pessoas invisíveis, sem códigos, sem família, sem lenço e documento.


Na mão direita, uma garrafa amarela; na esquerda, um saco. As pessoas que estão deitadas se levantam. Nem todas têm cobertores. Parecem que marcaram compromisso. Neste intervalo, os projetos se afastam e, como se o tempo parasse por alguns minutos, reparo na força e o sorriso que estão naquele homem. O brilho no olhar é indiscutível. Ele vem ao meu encontro, me cumprimenta e põe a garrafa ao meu lado.


- Boa noite, quer um chocolate quente? - Pergunta o tal homem sem olhar nos meus olhos. Parece que não estou ali. Não tive tempo de responder. Se vira e começa a distribuir os pães. Conversa com cada cidadão. Deixa uma palavra amiga em cada coração. Todos têm historias para contar.


Próximo ao pilar, um senhor, 50 anos aproximadamente, dono de um sorriso invejável e certamente com um passado, conversa comigo. Rebato as suas dúvidas, mas o meu olhar segue o iluminado. Volta para o carro, pega a segunda remessa de mantimentos e vai para o outro lado. A missão não para por ali.


Agora são 23h02 e a minha carona chegou. Tiro o celular do bolso e registro o momento. Vou em frente. Ele, o homem desconhecido, parte para outra ação. Eu, sem palavras e inquieto, começo a receber os primeiros telefonemas dos artistas. Vidas opostas. Sem parâmetros. A noite continua. A imagem está "congelada" apenas no meu aparelho. Lá fora, a vida continua...Os homens invisíveis?


Estão todos deitados na mesma posição. Parece um nado sincronizado. Um nado que não têm medalhas, holofotes e noticias nas páginas dos jornais. Infelizmente, estes homens não estão nas estatísticas do governo. Se preparam para dormir. Ver o novo amanhecer. Isto é, se todos acordarem.


Decido voltar outro dia. Preciso mudar algo. Na próxima terça-feira, em busca da resposta que certamente está longe do alcance das minhas mãos e dos meus olhos, estarei lá.

Quer um chocolate quente?

sábado, 10 de outubro de 2009

Preciso ouvir qualquer palavra tua...

Será que os dias serão sempre iguais? As imagens e sensações, que um dia vivemos na loucura, poderiam voltar ao seu lugar? E as lembranças armazenadas nos corações? Só eu lembro? Só eu sinto?



domingo, 4 de outubro de 2009

Pessoas que ninguém vê

A invisibilidade é a maior causa da violência nos dias de hoje e um problema para a sociedade, segundo a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social. No Brasil, os números em relação à quantidade de moradores de rua estão ocultos, uma vez que, o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, não considera esta parcela da população. Os fatores deste grupo são a falta de moradia, violência doméstica, abuso sexual, abandono, entre outros.

Em São Paulo, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social informou que só na capital o número aproxima-se de 13 mil moradores. Deste total, cerca de 20% são mulheres que, devido à violência nos albergues, burocracia em conseguir vagas e a proibição de consumir álcool, optam por viver sob pontes e marquises. Para a moradora de rua, Claudia Ferreira dos Santos, 39 anos, a rua é ingrata, mas, “dá a sensação de liberdade e na hora que eu bem entender, paro e durmo”.

Além deste grupo, surge outro que são as pessoas que usam uniformes. Geralmente são trabalhadores que executam tarefas diárias como garis, faxineiros, porteiros, ascensoristas, empregadas domésticas e outros subalternos. Na visão do auxiliar de limpeza, Francisco Severino da Silva, 48 anos, a dificuldade é encontrada todos os dias. “Por exemplo, há seis anos eu trabalho na mesma empresa e ninguém me conhece ou sabe o meu nome, apenas me chamam de "seu” Chico.”

A narrativa de Gilberto Dimenstein, jornalista e autor do livro “O mistério das bolas de gude”: história de humanos quase invisíveis – diz que a saída seria a construção de alternativas comunitárias e a união do cidadão e cidade, sujeito e sociedade. Estes procedimentos reduziriam os níveis de violência, gravidez precoce e outras feridas sociais. “O pior problema, além do que vivo, é saber que as pessoas fazem de conta que não existimos, é difícil”, finaliza Claudia.