sexta-feira, 2 de maio de 2008

Nunca é tarde


Ao passar pela rua avistei a seguinte frase: "Minha vida não tem tanto valor, como seu computador" - Parei por um momento e fui para o trabalho em reflexão. E por coincidência, isso me remeteu ao texto do Mc Luhan, "Visão, Som e Fúria".

A explosão do avanço tecnológico é ambíguo, de um lado nos ajuda no tempo e disposição da notícia, do outro, a superficialidade em que nos encontramos perante ela. É, a pessoa que escreveu a frase sequer sabe da existência de Mc Luhan, mas certamente ela já sofre com os avanços tecnológicos que não param de expandir.

E por falar em textos, livros, era tipográfica, Gutenberg, leitor solitário, eu selecionei alguns livros para doar ao "sebo". No caminho eu notei que havia alguns livros infantis e ao avistar dois meninos na rua, próximos à universidade, perguntei a eles se queriam algum dos exemplares.

Para meu espanto um deles me respondeu tão rápido que sequer tive chance de mostrá-los:

- Tio, "nóis" não sabe ler......"nem" eu e "nem" ele

Esta resposta por uns segundos me deixou fora de si, pois estava próximo à um universidade, berço da cultura e feliz por ter feito uma boa prova no dia anterior sobre "Comunicação Comparada". E eles sequer sabiam da existência do "Pequeno Príncipe", das "Clássicas histórias infantis", do "Gibi da Mônica", enfim, que comunicação é essa que só alguns tem acesso?

Será que nossos governantes não enxergam isso? Ou será que não querem enxergar?. Me desculpe, mas a indignação é tamanha que nem consigo raciocinar direito. Aliás, eu já sabia deste quadro de analfabetismo, mas é difícil assimilar ou encontrar uma resposta quando deparamos com ele.

Enfim, a realidade dói e por pior que seja as coisas eu não consigo ficar quieto. Estou indignado, revoltado. Quantas coisas estas crianças estão deixando de vivenciar por não conhecer a leitura? Quantas "viagens" elas estão deixando para trás?

É complicado, mas ainda existem muitas pessoas que não sabem ler. E o pior é saber que nem sempre tem comida e um teto para confortá-los ou alimentá-los.

Ao chegar na universidade me senti como se estivesse em outro mundo. Em cada canto, em cada "roda" uma conversa diferente, um assunto acadêmico. Enquanto uns falavam de "Direito Comercial" outros comentavam de "Arquitetura Moderna", enquanto uns mostravam uma "Nova Semiótica" ou discutiam alguma "Teoria Marxista", a vida lá fora seguia de um jeito bem diferente.
Neste pequeno espaço (blog) eu falo das crianças, dos idosos, dos excluídos, dos "sem-teto", dos "descamisados", dos "sem-família"...Mas vai chegar o dia que além de falar eu vou poder ajudar de uma forma bem melhor. Bem mais forte do que hoje. Por isso estou nesta luta diária, pois sei que "amanhã" vou estar em um plano bem melhor.
E aí eu vou poder fazer muitas coisas que tenho em mente. Mas não vou ficar parado esperando este dia chegar. Já estou fazendo aos poucos, do meu jeito, nas minhas condições. E você? Está fazendo o que? Nada? Então comece agora mesmo, pois nunca é tarde para começar algo. Ainda mais quando se trata de ajudar o próximo.
Obs: Não quero mudar o mundo, apenas estou procurando uma forma mais eficaz de fazer a minha parte.
Valeu!!!





Um comentário:

Ju Chijo disse...

Realmente Alê, sabemos o que acontece fora do nosso "mundinho", mas quando nos deparamos com a dura realidade, ficamos atônitos! A desigualdade social é tamanha...Tento fazer a diferença da minha maneira, mas sempre acho que não é o suficiente. Deveríamos ficar envergonhados e pensarmos duas vezes antes de reclamar da vida. Parabéns Alê, seus textos são ótimos, me fazem refletir muito! Acho que esse é o verdadeiro papel da escrita, despertar emoção e reflexão.
Beijos e bom final de semana