sábado, 2 de fevereiro de 2008

O show não pode parar

Show, espetáculo em que atuam um ou mais artistas. No dicionário as palavras tem um tom mais suave, parece até fácil produzir um show, mas só quem está no 'backstage" (bastidores)... é que sabe o quanto é complicado.
"Have a nice trip" (tenha uma boa viagem), estas foram as palavras ditas pela atendente da "American Air Lines", uma empresa que deveria avaliar melhor a faixa etária das comissárias. Mas voltando ao assunto, embarcamos com destino a Nova York, nove horas dentro de um avião que por sinal, além das "senhoras" comissárias, era possível ver pessoas de toda parte do mundo numa bagunça sem dimensão, uma mistura de ansiedade e curiosidade.
Enfim, chegamos. Após todos os trâmites, e finalmente passar pela imigração (a expectativa de ser "aprovado", é cruel), cruzamos a esperada "yellow line", linha amarela, isso mesmo, é o primeiro sinal de "Seja bem vindo ao topo do mundo". Eu, Marquinhos (percussão) e o Chrigor (Ex-vocalista do grupo Exaltasamba) pegamos nossas bagagens (que saiu na esteira errada) e fomos direto para o saguão principal. Bem lembrado, que saguão? qual deles? o A, B ou C?. O aeroporto de Nova York é imenso, e onde encontrar o contratante? Eram 6h da manhã, horário local, estava com $30,00 dólares e sem perspectivas. Para enganar a demora fomos tomar um café na famosa e caríssima "Starbucks Coffee", Por que na Starbucks? porque era a única aberta. Saímos de lá com apenas $5,00, troquei por algumas moedas, pois precisava telefonar e sem nenhum êxito , ficamos por esperar, sem dinheiro e com a passagem de volta marcada para duas semanas depois.
Às 13h 30m, apareceram três rapazes e contaram a "triste" história que o contratante tinha batido o carro. Fomos para um bar em Newark e por volta das 14h 30m apareceu o "tal" contratante (com o carro novinho). Voltamos para Nova York e somente as 18h embarcamos para Chicago. Ao chegar, saímos do aeroporto pela esteira rolante, pois a pé, demora muito. Fomos direto para a estação do metrô, estação? metrô? Cade a 'van" que fora mencionada no contrato? Nada...Segundo nosso "anfitrião" o trânsito na cidade é intenso e o trem é a melhor saída.
Ufa! às 21h conseguimos tomar um banho na casa da 'outra" contratante, casa? e o hotel? "outra contratante?" Deixa pra lá, a fome era tanta que deixamos de lado esta parte. Como os americanos não tem o hábito de jantar, a solução foi comer frango frito na pimenta, batatas e ... muitas fotos e autógrafos, a casa estava cheia. A pessoa que mais nos amparou era "sósia" de um ator que só faz filmes de máfia, o "Sonny", máfia?, Chicago?, Al Capone? muita coincidência. Era noite de "Halloween", dia das bruxas, o frio tomava conta da cidade, escura e com ar de suspense. Não teve como ensaiar, pois a banda esteve ao nosso lado (os 3 rapazes) em toda a viagem.
Saímos do nosso "hotel" e fomos para o local do show, eram 2h 30m da madrugada, sem dormir e com o cansaço estampado no rosto. a "Casa do Rock" estava lá, um casarão de esquina, com aparência aterrorizante, opa! eu escrevi "casa do rock"? É, parece piada de noite de halloween, mas o show de pagode foi feito numa casa onde roqueiros de Chicago se encontram diariamente. Depois de muito samba, fotos, entrevistas, não tínhamos outra opção, chamamos "os contratantes" e pedimos apenas o básico, cama e chuveiro. Depois de muita conversa e paciência, voltamos para a casa, pegamos nossas malas e fomos para o hotel. O nosso amigo "Sonny" arrumou, e particulamente dizendo, ele foi a única pessoa que nos deu atenção, detalhe: ele não falava português, a única palavra que tentou dizer foi "Chrigor e Brasil".
Entramos em nossos quartos às 7h da manhã e ficamos "emocionados" ao ver a cama, três dias "no ar" não é fácil. Acordamos às 13h com a "banda" nos chamando, tomamos banho e fomos direto para o carro, próxima parada: Filadélfia, aliás, nossa turnê estava apenas começando e o show não pode parar...
Alexandre Ofélio

Um comentário:

Marcos Forte disse...

Se futebol é a minha praia, a sua, com certeza é o mundo dos shows e espetáculos.

Mais uma vez, parabéns pelo texto.

Marcão