terça-feira, 1 de abril de 2008

Alzheimer: Pesadelo


Adriana P. Santos, professora, viveu o problema por quase 4 anos e meio, de abril de 1999 a agosto de 2003. Segundo ela, as pessoas que vivem e convivem com a doença de Alzheimer, devem buscar o máximo de informações possíveis.
De todos os obstáculos, a maior dificuldade para ela foi o alto custo do tratamento. “Não há suporte do governo, simplesmente o Estado não tem políticas públicas para o tratamento”, diz Adriana.

Sua vida sofreu várias alterações, entrava mais tarde no trabalho, saía mais cedo, faltava, enfim, as dificuldades estavam ao seu lado. A idéia de colocar a mãe em uma instituição, foi um agravante. Sabia que era necessário, que tinha médicos e enfermeiros 24 horas por dia, mas do outro lado, os sentimentos falavam mais alto. Para ela, colocar a mãe numa casa de repouso, era como abandonar a pessoa que mais amava.

Depois de muitas conversas e visitas às instituições, ela decidiu que quem precisava de cuidados era a mãe e não ela. “Minha família não aceitou, muitas pessoas não aceitaram”, mas era preciso. Foi uma atitude difícil, mas tinha que ser feito, e fez sozinha.

Os primeiros sintomas foram em forma de depressão que duraram alguns meses. “Depois, houve uma mudança de comportamento repentina: ela simplesmente amanheceu um dia sem reconhecer ninguém, dizendo que "eu" queria matá-la e saiu correndo para a rua. Eu imaginei que, sendo ela uma pessoa hipertensa, diabética e com histórico A.V.C. (derrame), esse comportamento poderia seria resultado de outra crise”, diz Adriana.

Sua mãe começou a ter constantes alucinações, via "bichos", gritava, não aceitava comida, nem tomar banho, não dormia mais. Este processo durou dois meses. A doença mudou a personalidade da mãe, “Passou a quebrar coisas dentro de casa, agredia quem chegasse perto. As pessoas conhecidas, que iam visitá-la, passaram a ficar cada vez mais assustadas e com medo de se aproximar pela casa”.

A doença foi avassaladora em sua vida, a cada dia uma novidade, e nada podia se fazer. Absolutamente nada. Foram quatro anos de luta, garra e de coragem. Peço à ela para resumir o Alzheimer em uma palavra, e a resposta é imediata: “Pesadelo”. Pesadelo este que entra em nossas vidas sem pedir licença
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